Catherine Pégard, Presidente do Estabelecimento Público do Palácio, do Museu e da Propriedade Nacional de Versalhes
Jean-François Chougnet, Comissário da exposição
Catherine Pégard
Presidente do Estabelecimento Público do Palácio, do Museu e da Propriedade Nacional de Versalhes.
Este ano, é Joana Vasconcelos que representa a arte contemporânea em Versalhes. Depois do americano Jeff Koons, do japonês Takashi Murakami, dos franceses Xavier Veilhan e Bernar Venet, ela é primeira mulher e, também, a mais jovem artista a medir-se com a referência histórica absoluta que é Versalhes.
É preciso ter ouvido Joana Vasconcelos no seu vasto ateliê situado nas docas de Lisboa para perceber que se trata do encontro de uma vida, e também de um desafio. «Pensei sempre em Versalhes» confessa Joana, enquanto explica o seu universo simultaneamente exuberante e refinado, preciso e desmedido. Concebeu esta exposição não como uma decoração do espaço, mas como a apropriação contemporânea de um lugar mítico.
Joana Vasconcelos não procura integrar-se em Versalhes, mas integrar Versalhes. Confronta-o sem o afrontar. O seu trabalho, feito de sinuosidades, de metamorfoses e de objectos deslocados cruza o tempo e desmonta os símbolos: aqui os tecidos de seda e de brocado reais para Valquírias, ali um trabalho de marchetaria que sugere o mobiliário do século XVIII para Perruque… Inspirada pela força mitológica e estética do Palácio de Versalhes, Joana Vasconcelos vai ainda mais longe no seu questionamento do luxo e do belo, propondo novas obras especialmente concebidas para este local. Ao mesmo tempo, fixa-se na figura da Mulher, singular, omnipresente na sua reflexão… como acontece em Versalhes. É uma estética ao mesmo tempo popular e sofisticada, um diálogo entre passado e presente, que remetem para a própria história.
Desse modo, a exposição de Joana Vasconcelos não quer ser apenas uma loucura efémera, mas um momento na história. Revela-se aos visitantes de Versalhes com as suas harmonias e as suas dissonâncias. E, também, a sua magia.