Catherine Pégard, Presidente do Estabelecimento Público do Palácio, do Museu e da Propriedade Nacional de Versalhes
Jean-François Chougnet, Comissário da exposição
Joana Vasconcelos
O Palácio de Versailles é o Lugar da Arte e os artistas sentiam-no seu; trabalhavam-no, não como um espaço expositivo, mas sim como um Lugar habitado pela arte. É um espaço cheio, completo, rico, ao qual, aparentemente, nada mais pode ser acrescentado. O palco perfeito para celebrar a ousadia, a experimentação e a liberdade; o génio criativo apreciado como em mais nenhum outro lugar.
O meu trabalho existe a partir da ideia de que o mundo é uma ópera e Versailles é o paradigma operático e estético onde habito. As obras que proponho existem para o Lugar, vejo-as como intemporalmente ligadas a Versailles. Quando percorro os salões do Palácio e os seus jardins sinto a energia de um espaço que gravita entre a realidade e o sonho, o quotidiano e a magia, o festivo e o trágico. Oiço ainda o eco dos passos de Marie-Antoinette, a música e o ambiente festivo dos salões. Como seria a vida em Versailles se aquele universo exuberante e grandioso fosse transferido para os nossos tempos?
Interpretar a densa mitologia de Versailles transportando-a para a contemporaneidade, evocando a presença de importantes figuras femininas que o habitaram, cruzando a minha identidade e experiência enquanto mulher, portuguesa, nascida em França, será certamente o mais fascinante desafio da minha carreira.